MADRAGOA
Tomber Dans Le Lac
Luís Lázaro Matos
Installation view
"Tomber Dans Le Lac", 2015
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"Tomber Dans Le Lac", 2018
"Tomber Dans Le Lac", 2018
"Tomber Dans Le Lac (Detail)", 2018
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"Tomber Dans Le Lac #1", 2018
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"Tomber Dans Le Lac #2", 2018
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"Tomber Dans Le Lac #3", 2018
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"Tomber Dans Le Lac #4", 2018
"Tomber Dans Le Lac #5", 2018
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16 May – 25 August 2018
Press release

EN

 

 

MADRAGOA is delighted to present Tomber Dans Le Lac, the second solo exhibition by Luís Lázaro Matos at the gallery.

 

In the melancholy of the chroma Blue of Prussia, we see immersed the after death of King Louis II of Bavaria, in “Tomber Dans Le Lac”. To fall into the lake, an expression that in French means to fall into a world of illusions, is the diving board of Lázaro Matos to perform a tragicomic acrobatics on the perils of dazzle. Ironically, it was on the Lake Starnberger that the defunct body of Louis II of Bavaria was found, three days after being deposed. This State figure, known for contracting debts and withdrawing from matters of the State, is the driving force of various follies, opulent buildings built on dreams and musings. Lázaro Matos presents these works as narcissus-castles, accentuating an architectural view as an extension of the self. One of the undertakings of this delusional and megalomaniac legacy, the Neuschwanstein Castle, is the inspiring model of the Disney Castle, this American stronghold where so many unattainable romantic stories are written, especially when we talk about queer lives. "(...) searching for romantic love, but always abandoning my book too soon (...)". Atop a transparent blue, we see a moray reciting the outbursts of the scorned sovereign which metamorphize into an astonishing confessional manifesto. The aesthetic exaggerations of privilege cover the solitude of the bottom of an unknown lake.

Rodrigo Vaiapraia
May 9th, 2018, Lisbon

Tomber Dans Le Lac

I fell exceptionally in every wonder of the water,

Blue was the liquid dream in my heart and on my mind.

I imagined myself as a moray living in a beautiful palace,

Searching for romantic love but always abandoning my book too soon.

 

I remember watching shamefully quiet from the windows of my tower

The bottom sands of London, San Francisco and Berlin burning,

The wars between shoals escaped from nets and fishing rods,

The slaps, the losses, the violence between fighting fins.

 

I built castles and fortresses of reef around me

To unwillingly write my fantastic end.

I saw the supposed subjects of my empire pulling my strings

And I saw all my lovers dragged away by grand currents.

 

The algae entangling me had the texture of my skin,

Simple and elegant forms I had drawn in paper.

I took myself for the owner and hero of times and oceans

And disguised all my evil with euphemisms for years, and years, and years...

 

My mom sang me the lullaby of music, art and history

Until the loneliness of days hit me in the face.

I even bossed the fish around: to the left! to the right!

Thinking I was the most perfect moray behind the liquid screen.

 

But I never liked these teeth fish of mine and so I hid –

The cave of privilege offered me great comfort with its aesthetics.

From there I giggled at every object or memory disappearing:

“Come see all my sea life reverie!”

 

They accused me of being irresponsible, a prince of childish dreams.

What did you want of me? A married fish? Laying out eggs in pairs?

They always told me: “do not complain, you’ve had more than many ever did”

And yet I drowned in that sea water – all made of the sadness and blunder of the fish.

 

I was both the king and the fool – entertaining everyone with my fall...

Disguised as a clown fish so as not to be left alone laughing.

I fell in this world not really knowing how, and was called a fag and a lunatic

So may my way out be this dive so very gracefully acrobatic.

 

 

 

PT

 

 

A MADRAGOA tem o prazer de apresentar Tomber Dans Le Lac, a segunda exposição individual da artista Luís Lázaro Matos na galeria.

 

Na melancolia do croma Azul da Prússia, vemos banhado o pós-morte do Rei Luís II da Baviera em “Tomber Dans Le Lac”. Cair no lago, expressão que na língua francesa significa cair num mundo de ilusões, é a prancha de mergulho de Lázaro Matos para realizar uma acrobacia tragicómica sobre os perigos do deslumbramento. Ironicamente, foi no Lago Starnberger que encontraram o corpo defunto de Luís II da Baviera, três dias depois de ser deposto. Esta figura de estado, conhecida por contrair dívidas e alhear-se de assuntos de Estado, é o impulsionador de vários “follies”, edifícios opulentos alicerçados em sonhos e devaneios. Lázaro Matos expõe estas obras como narcisos-castelo, sublinhando uma noção de arquitectura como extensão do pessoal. Uma das empreitadas deste legado de sonho e megalomania, o Castelo de Neuschwanstein, é o modelo inspirador do Castelo da Disney, esse forte americano onde se tecem tantas narrativas românticas inatingíveis, especialmente quando falamos em vidas queer. “(...) procurei o amor romântico, mas o livro acabou sempre no prefácio(...)”. Num azul transparente, vemos uma moreia recitar desabafos do soberano ridicularizado que se transformam num assombroso manifesto confessional. Os exageros estéticos do privilégio cobrem a solidão do fundo de um lago desconhecido.

 

Rodrigo Vaiapraia

9 Maio 2018, Lisboa

 

Tomber Dans Le Lac

 

Caí em todos os deslumbramentos da água excepcionalmente,

O azul era o sonho líquido que ocupou o meu coração e a minha mente,

Imaginava-me uma moreia a habitar um belo palácio,

Procurei o amor romântico mas o livro acabou sempre no prefácio.

 

Lembro-me, vergonhosamente quieto, de da janela da minha torre ver:

As areias do fundo de Londres, São Francisco, e Berlim a arder.

As guerras entre cardumes ainda escapados às redes e às canas,

Os estalos, as perdas e a violência entre seres de barbatanas.

 

Construí castelos e fortalezas de coral em torno de mim

Para sem querer e fantasticamente arquitectar o meu fim.

Vi todos os que pensava súbditos manipularem-me como um fantoche. Vi todos os meus amantes nadarem para longe num belo coche. As algas onde me enleei tinham a textura da minha pele.

Simples e elegantes formas que desenhei em papel,

Pensava ser o dono e herói do meu tempo e dos oceanos.

Vesti todo o meu mal de eufemismos, anos, e anos e anos...

 

A minha mãe cantou-me a história, a musica e a arte,

Até a solidão dos dias bater na minha cara com uma tarte!

Dava ordens aos peixes: para a esquerda! para a direita!

Pensando ser eu, do outro lado do aquoso ecrã , a moreia mais perfeita!

 

Nunca gostei dos meus dentes de peixe e por isso me escondia

No esteticismo confortável que a gruta do privilégio me oferecia.

Lá, cobria o desaparecimento das memórias e dos objectos com risinhos,

“Venham ver estes completos devaneios animais marinhos!”

 

Acusaram-me de ser irresponsável, “príncipe de sonhos infantis”.

Queriam-me como? Casado? A desovar na água em Bis?

Diziam-me sempre: “tiveste muito mais do que muitos... não te queixes”,

Ainda assim, matei-me na água do mar – feita de toda a desilusão e

tristeza dos peixes.

 

Fui rei e bobo simultaneamente - entretive todos no meu declínio...

Disfarçava-me de peixe palhaço para tentar não acabar a rir sozinho

Caí neste mundo não sei como e fui chamado de bicha e lunático

Que a minha saída dele seja um belo mergulho acrobático.

Artworks

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