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MADRAGOA is delighted to present Imfazwe yenkaba, the first solo exhibition of Buhlebezwe Siwani at the gallery and in Portugal, presented in the space ENCIMA.
The show is named after the video Imfazwe yenkaba (2015), literally meaning “war of the womb”, that discloses a vocabulary of recurring elements in Siwani’s work and introduces to her multi- layered practice, deeply rooted in performance and strongely intertwined with her own biography and work as a Sangoma. A Sangoma is a traditional South African healer or diviner, who is seen as a bridge linking the living and their ancestors. The video, based on a performative action, was shot in the Eastern Cape, where Siwani has partly lived and Cape Town, where she is presently based, and shows the artist herself who is slowly walking through a rural landscape of small fields and kraals, until she sits on the ground taking a lamb in her arms in a silent dialogue. The action is simple, while the atmosphere is dense and solemn, due also to the fact that the artist is wearing a skirt that is typically worn by men for Sangoma initiation. The rigid skirt, designed to fit male bodies, does not accompany the female movement, opposing to the fluid rhythm of her walk a hiccups pace that acts as a counterpoint, suggesting a reflection on the tradition and how it is constantly changing and adapting to modern life, on the discrepancy one observes when returing home between what has changed and what remained the same.
As an extension of another performance are the two photographs entitled iSana libuyele kunina (“The child returns to the mother”, 2015) in which Siwani is posing in a dress that combines a traditional printed pattern with a contemporary shape, while she is holding a hen in her hand, or with the hen perched on her head, using her hair as a nest. A Pentecostal church is the backdrop of this last image evoking the opposite conceptions of the human body in Christian thought, that preaches the victory of the spirit over the flesh, and indigenous cultures that conceive the body itself as a spiritual carrier in which ancestors manifest, a passage between life and death. In the photographs, the hen embodies the presence of an ancestor, its substitute.
If art performances cannot completely re-enact the ritual, through the use of objects and tools charged with symbolic power and animals, in conjunction with the execution of particular actions or gestures, they preserve traces of the ritual and still convey spiritual energies.
The video and the photographs are the traces of traces, the substitute for the artist’s body which is physically absent from the space.
Buhlebezwe Siwani (Joannesburg, South Africa, 1987) completed her BAFA (Hons) at the Wits School of Arts in Johannesburg in 2011 and her MFA at the Michealis School of Fine Arts in 2015. She has exhibited at the Michaelis Galleries in Cape Town, a site-specific exhibition in collaboration with APEX Art, New York City, in 13th Avenue, Alexandra township, Commune 1, and Stevenson in Cape Town. More recent exhibitions include the Kalmar Art Museum in Sweden, The Louis Vuitton Foundation in Paris, and the Bienal de Coimbra, 2017. The collective iQhiya, of which Buhlebezwe Siwani is part, participated in Documenta 14, 2017.
PT
A MADRAGOA tem o prazer de apresentar Imfazwe yenkaba, a primeira exposição individual da artista Buhlebezwe Siwani, na galeria e em Portugal, que tem lugar no espaço ENCIMA. A exposição com o mesmo nome do video Imfazwe yenkaba (2015), significa literalmente "guerra do útero”, este revela um vocabulário de elementos recorrentes no trabalho de Buhlebezwe Siwani, e introduz-nos à multiplicidade de diferentes camadas da sua prática, profundamente enraizada na performance e fortemente ligada à sua própria biografia e trabalho enquanto Sangoma. Um Sangoma é, na tradição sul-africana, um curandeiro ou adivinho, que é visto como uma ponte que liga os vivos aos seus antepassados. O video, baseado numa acção performativa, foi filmado em Eastern Cape, lugar que foi residência da artista, e Cape Town, onde vive atualmente, e mostra-nos a própria percorrendo lentamente uma paisagem rural de pequenos campos e kraals, até que se senta no chão com um cordeiro nos braços num diálogo silencioso. A ação é simples, enquanto que a atmosfera é densa e solene, devido também ao fato de que a artista tem vestida uma saia que normalmente é usada pelos homens para a iniciação de Sangoma. A saia rígida, desenhada para encaixar em corpos masculinos, não acompanha o movimento feminino, opondo-se ao ritmo fluido do seu caminhar, um ritmo soluçado atua como contraponto, sugerindo uma reflexão sobre a tradição, sobre o facto de esta estar em constante mudança e adaptação à vida moderna, na discrepância que se observa ao retornar a casa, entre o que se alterou e o que permaneceu.
Como uma extensão de outra performance são apresentadas duas fotografias intituladas iSana libuyele kunina (“A criança retorna à mãe”, 2015) nas quais Buhlebezwe Siwani posa num vestido que combina um padrão tradicional impresso com um formato contemporâneo, enquanto segura uma galinha na mão, ou com a galinha empoleirada na cabeça, usando os seus cabelos como ninho. Uma igreja pentecostal é o pano de fundo desta última imagem evocando conceções opostas do corpo humano no pensamento cristão, que prega a vitória do espírito sobre a carne, e as culturas indígenas que concebem o próprio corpo como portador espiritual em que os antepassados se manifestam, uma passagem entre a vida e a morte. Nas fotografias, a galinha incorpora a presença de um antepassado, como um substituto.
Se as performances artísticas não puderem reeditar completamente o ritual, através do uso de objetos e ferramentas carregados com poder simbólico e animais, em conjunto com a execução de ações ou gestos particulares, eles preservam vestígios do ritual e ainda transmitem energias espirituais.
O vídeo e as fotografias são os traços de vestígios, o substituto do corpo da artista que está fisicamente ausente do espaço.
Buhlebezwe Siwani (Joannesburg, Africa do Sul, 1987) completou o seu BAFA (Hons) na Wits School of Arts in Johannesburg em 2011 e o seu MFA na Michealis School of Fine Arts em 2015. Expôs na Michaelis Galleries em Cape Town, um projeto site-specific em colaboração com APEX Art, New York City, na 13th Avenue, Alexandra township, Commune 1, e Stevenson em Cape Town. As suas exposições mais recentes incluem: Kalmar Art Museum na Suécia, The Louis Vuitton Foundation em Paris, and the Bienal de Coimbra, 2017. O coletivo iQhiya, do qual Buhlebezwe Siwani faz parte, participou na Documenta 14, 2017.
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