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MADRAGOA is delighted to present AMICIZIA, the second solo exhibition by Renato Leotta at the gallery and in Portugal.
The exhibition is the picture of a mental garden in which enthusiasm and admiration are the engine that moves the relationship between nature and man, according to very ancient rules. Friendship, as a cosmic force necessary to life, positive or negative, drives in harmony all the elements in this place.
The garden is enclosed by a wall, that circumscribes a space formed by images in which possible projections of friendship reside. Each stone of the wall has to match the one on its side, the one that is above and the one below, for the structure to be solid and lasting. In a mnemonic rite, the hand composes this puzzle, which is both an organic and solid structure. A shelter, a border, a religious object, a sculpture.
All together, as a wall, the stones tell us about solidarity, sharing and trust that create communities. They are the first attempt of landscape anthropization, the first architectural gesture.
The ancients paid divine honors to the stones even before trasforming them into statues or sculptures; these, polished by the passage of time that acted on them as a divine hand, are the image of the Good.
Songs, tales and myths are shared, but there are also confidential elements, exclusive ties. The secret – it is also a founding element of friendship. At night, this secret becomes more visible, because it is possible to sense its contours.
The fireflies move in bright dances within the limits of the garden that seem to belong to this shadow place. The traits, signs and trajectories that their light produces are an alphabet, a collection of coded messages, and logic games to decipher. Information that is concealed to the eyes of most people.
The evil part of nature is united to what is incomprehensible and inexplicable to us within this psychological garden. We attribute them a mysterious and divine origin, while questioning man’s darkness.
Above the garden, the air and the sun create a narrative made of temporality, describing the waiting time for the prodigy.
The camera works by being adjusted by the wind. Following an abstract parameter that does not change the contours of the landscape, but charges it with temporality. Recording occurs when the wind blows from the west. The sea with its undertows keeps drawing silver marks on the sand.
The space of the garden is diluted with the space of the adventure, tracing a continuity between the two exhibitions and a hypothetical connection between the two extremes of the political Europe: the most eastern island of the Dodecanese and Lisbon, passing through Sicily.
From a conversation between Renato Leotta and Davide Daninos.
Lisboa, September 2017
A special thanks to Palombar, for its contribution in the production of the centerpiece of this exhibition.
Palombar - Association for the Conservation of Nature and Rural Heritage.
PT
A MADRAGOA tem o prazer de apresentar AMICIZIA, a segunda exposição individual do artista Renato Leotta na galeria e em Portugal.
A exposição é a imagem de um jardim mental no qual o entusiasmo e a admiração são o motor que move a relação entre a natureza e o homem, de acordo com regras ancestrais. A amizade, como uma força cósmica necessária à vida, positiva ou negativa, conduz em harmonia todos os elementos neste lugar.
O jardim está contido num muro, que circunscreve um espaço formado por imagens nas quais as possíveis projeções de amizade residem. Cada pedra do muro tem de encaixar com a do lado, a que está em cima e a que está em baixo, para que a estrutura seja sólida e duradoura. Num ritual mnemónico, a mão compõe este puzzle, que é ao mesmo tempo uma estrutura orgânica e sólida. Um abrigo, uma fronteira, um objeto religioso, uma escultura.
Todas juntas, como um muro, as pedras falam-nos sobre a solidariedade, a partilha e a confiança que criam comunidades. Elas são a primeira tentativa antropológica da paisagem, o primeiro gesto arquitetónico.
Os antigos pagavam honras divinas às pedras antes de as transformarem em estátuas ou esculturas; estas, polidas pela passagem do tempo que agiu sobre elas como uma mão divina, são a imagem do Bem.
Músicas, contos e mitos são partilhados, mas também há elementos confidenciais, laços exclusivos. O segredo - é também um elemento fundador da amizade. À noite, esse segredo torna-se mais visível, porque é possível sentir os seus contornos.
Os pirilampos movem-se em danças brilhantes dentro dos limites do jardim que parece pertencer a esse lugar sombrio. Os traços, sinais e trajetórias que a sua luz produz são um alfabeto, uma coleção de mensagens codificadas e jogos de lógica para decifrar. Informação que está oculta aos olhos da maioria das pessoas.
A parte sombria da natureza está ligada ao que é para nós incompreensível e inexplicável dentro desse jardim psicológico. Atribuímos-lhes uma origem misteriosa e divina, enquanto questionamos a escuridão do homem.
Acima do jardim, o ar e o sol criam uma narrativa feita de temporalidade, descrevendo o tempo de espera para o prodígio.
A câmara funciona ajustando-se pelo vento. Seguindo um parâmetro abstrato que não altera os contornos da paisagem, mas que lhe confere temporalidade. O registo ocorre quando o vento sopra do oeste. O mar com sua ondulação continua a desenhar marcas prateadas na areia.
O espaço do jardim é diluído com o espaço da aventura, traçando uma continuidade entre as duas exposições e uma conexão hipotética entre os dois extremos da Europa política: a ilha mais oriental do Dodecaneso e Lisboa, passando pela Sicília.
De uma conversa entre Renato Leotta e Davide Daninos
Lisboa, setembro 2017
Um especial obrigado à Palombar, pela sua contribuição na produção da peça central desta exposição.
Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural.
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