MADRAGOA
WLD
Steffani Jemison
22 October 2021 – 8 January 2022 Madragoa Lisbon
Press release

Steffani Jemison

WLD

 

October 22nd 2021 - January 8th 2022

 

Madragoa is delighted to present WLD, the first solo exhibition by Steffani Jemison at the gallery and in Portugal.

 

Steffani Jemison’s work focuses on language, dwelling on that threshold of incertitude where the sign can be either writing or drawing, or rather, where the sign is not yet writing and

not yet drawing. Her creative research reaches back to the vernacular origin of different practices and technologies such as writing, drawing, film and performance: in mark making,

as well as in gestures and movements, the artist identifies traces, patterns that elude a clear decoding of their meaning. If the relationship between image and word refers to historical research in the field of concrete and visual poetry, Jemison’s work extends and radicalizes its scope. What is the boundary between sign, word and image? What is the relationship between body and sign? Does writing communicate or conceal meaning? Can it still be called writing when no one is able to read it?

 

The two series of works presented in the exhibition examine in particular the written word and arise from two known cases of illegible coded writing. Same Time (2015-ongoing) takes inspiration from the story of James Hampton (1909–1964), a janitor and outsider artist who, inspired by his religious visions, secretly built a throne from scavenged materials. This activity to which he was devoted, fueled by mystical visions, was discovered after his death, along with a notebook written in an unknown language, as yet undeciphered. Jemison developed this series of works by digitally isolating individual marks, glyphs, and lines from Hampton’s notebook, and by bringing together visual elements that resemble each other.

These signs are enlarged and traced with acrylic paint on transparent film, scattered in the gallery space, hanging on the walls and for the first time installed on self-supporting structures. Some individual glyphs resemble letters, others are not traceable to known alphabets, arousing in the viewer a perception of familiarity and at the same time of strangeness.

 

WLD series (2021) develops from the case of Ricky McCormick, a man found dead in a Missouri field in 1999 with coded notes in his pockets that the FBI has not yet interpreted. McCormick was thought by his parents to be illiterate. In 2011, U.S. FBI issued an appeal for help from the public in deciphering the messages, but despite extensive work by its Cryptanalysis and Racketeering Records Unit (CRRU), as well as help from the American Cryptogram Association, the meanings of those encrypted notes remain a mystery up to that date and his murder is still unsolved.

 

For this series, Jemison resorted to the artificial intelligence algorithm built into most imaging software (“content aware fill”) to explore key aspects of the image. In some cases, the algorithm was re-performed multiple times to produce different versions of the same image, which are layered in the final picture. The prints in the exhibition refer to a section of the note that presents what appear to be the letters WLD or WLDN or WLDR. The color that appears in these images extends from amateur analysis of the scans, which often uses highlighter or colored pen to attempt to make sense of the code.

 

In both series, the isolated and enlarged signs pass from the intimate sphere of the secret journal, of the note kept in the pocket, to a shared dimension that recalls the impulsiveness of graffiti in the street, yet the attempt at classification and their blow-up reveal a message that exceeds the literal—and unintelligible—one. This ambivalence is echoed in the alternation of opaque and transparent materials of the supports on which the marks are traced.

 

These glyphs inhabit the space and acquire a vibrant energy, a performativity that belongs more to orality than to the written word, familiar to the act of doodling as an immediate visual transposition of a gesture that underlies a constant production of energy. It is an energy at work underground, running parallel to the mainstream culture, and opposing it with a silent but firm resilience. This is expressed in a code in which reminiscences of ancient rituals and experiences resurface in a fragmentary way and not in an accomplished sense, bearing witness to a history beyond its immediate content. Placed in the broader context of Jemison’s study of African American culture, these cryptograms stand as an act of creative resistance to the logic of the dominant narrative.

 

 


Steffani Jemison

WLD

22.10.2021-8.1.2022

 

A Galeria Madragoa tem o prazer de apresentar WLD, a primeira exposição a solo de Steffani Jemison na galeria e em Portugal.

 

A obra de Steffani Jemison centra-se na linguagem, residindo nesse limiar de incerteza em que o signo tanto pode ser escrito como desenhado, ou melhor, em que o signo ainda não é a escrita e ainda não é o desenho. A sua investigação criativa remonta à origem vernacular das diferentes práticas e tecnologias tais como a escrita, o desenho, o cinema e a performance: no grafismo, tal como nos gestos e movimentos, a artista identifica traços, padrões que escapam a uma clara descodificação do seu significado. Se a relação entre imagem e palavras remete para a investigação histórica no campo da poesia concreta e visual, a obra de Jemison distende e radicaliza o seu âmbito. Qual a fronteira entre signo, palavra e imagem? Qual a relação entre corpo e signo? A escrita comunica ou oculta significado? Poderá continuar a designar-se de escrita mesmo quando ninguém a consegue ler?

 

As duas séries de obras apresentadas na exposição examinam especificamente a palavra escrita e têm origem em dois casos conhecidos de escrita codificada ilegível. Same Time (2015-em curso) é inspirada na história de James Hampton (1909-1964), um contínuo e artista outsider que, inspirado pelas suas visões religiosas, construiu secretamente um trono com materiais que ia apanhando. Esta atividade a que se dedicava, fomentada por visões místicas, foi descoberta após a sua morte, assim como um caderno escrito numa língua desconhecida que se encontra ainda por decifrar. Jemison desenvolveu esta série de obras isolando digitalmente marcas, glifos e linhas individuais do caderno de Hampton, e conjugando elementos visuais que se assemelham uns aos outros. Estes signos são ampliados e delineados com tinta acrílica em película transparente, espalhados pelo espaço da galeria, pendurados nas paredes e, pela primeira vez, instalados em estruturas autossustentadas. Alguns glifos individuais assemelham-se a letras, outros não são detetáveis nos alfabetos conhecidos, criando no espetador uma perceção de familiaridade e, simultaneamente, de estranheza.

 

A série WLD (2021) desenvolve-se a partir do caso de Ricky McCormick, um homem encontrado morto num campo do Missouri, em 1999, com anotações codificadas nos bolsos que

o FBI nunca conseguiu interpretar. Os pais de McCormick julgavam-no iliterato. Em 2011, o FBI dos EUA emitiu um pedido de ajuda ao público na descodificação das mensagens, porém, apesar do trabalho extensivo da sua Unidade de Registo de Criptoanálise e Extorsão (CRRU), bem como da ajuda da Associação Americana de Criptogramas, os significados dessas anotações encriptadas permanecem um mistério até essa data e o seu homicídio ainda está por

resolver.

 

Para esta série, Jemison recorreu ao algoritmo de inteligência artificial incorporado na maioria dos softwares de imagem (Content-Aware Fill) para explorar aspetos-chave da imagem.

Em alguns casos, o algoritmo foi executado várias vezes para produzir diferentes versões da mesma imagem, que foram sobrepostas na imagem final. As gravuras na exposição remetem para uma secção da anotação que aparenta consistir nas letras WLD ou WLDN ou WLDR. A cor que aparece nestas imagens estende-se desde uma análise amadora das digitalizações, que geralmente implica o uso de um marcador ou caneta colorida na tentativa de decifrar o código.

 

Em ambas as séries, os signos isolados e ampliados passam da esfera íntima do diário secreto, da anotação guardada no bolso, para uma dimensão partilhada que lembra a impulsividade do grafíti na rua, porém, a tentativa de classificação e a sua ampliação revelam uma mensagem que ultrapassa a mensagem literal — e ininteligível. Esta ambivalência ecoa na alternância dos materiais opacos e transparentes dos suportes nos quais as marcas são

delineadas.

 

Estes glifos habitam o espaço e adquirem uma energia vibrante, um cariz performático que pertence mais à oralidade do que à palavra escrita, similar ao ato de rabiscar enquanto transposição visual imediata de um gesto subjacente a uma constante produção de energia. É uma energia que opera no underground, decorrendo paralelamente à cultura mainstream, e opondo-se-lhe com uma resiliência silenciosa, mas firme. Isto está expresso num código em que reminiscências de rituais e experiências ancestrais ressurgem de forma fragmentária e não num sentido integral, testemunhando uma história para além do conteúdo imediato. Considerando o contexto mais vasto dos estudos de Jemison sobre a cultura afro-americana, estes criptogramas representam um ato de resistência criativa à lógica da narrativa dominante.

 

 

 

 

 

Artworks

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