MADRAGOA
Death Star
Shuang Li
17 March – 13 May 2023 Madragoa Lisbon
Press release

EN

 

Madragoa is delighted to present Death Star, the first solo exhibition of Shuang Li (b. 1990, Wuyi Mountains) at the gallery and in Portugal.

A landscape of stacked cardboard boxes and objects, some found, some made or assembled by the artist, unfolds in the gallery space. Desert Song (2023) traces the skyline of what can remind a modern city on a small scale, made up of its remnants and emptied. Its silent inhabitants are some objects or tools whose original function appears unclear, like spectral presences from another civilization, be it from the past or the future. The environmental installation acts as a counterpart to the video Déjà Vu(1) which, presented on five screens, allows visitors to be surrounded by the flow of images, while they walk through this miniature, sinister city.

Divided into chapters, the video images flow silently — the silence emphasizing the sense of void, of incommunicability that is at the heart of this work, and among the central themes of Shuang Li’s entire oeuvre.

Déjà Vu partly documents the performance Lord of the Flies (2021), for which Shuang Li trained at a distance twenty performers to embody herself. The occasion of the performance is dictated by contingency: the artist’s inability to travel to Shanghai to physically attend the opening of her exhibition, as she was stranded in Europe during the restrictions due to the Covid-19 pandemic.

Hair pulled back in a ponytail, wearing sunglasses, silver backpacks and a My Chemical Romance T-shirt, in the first sequence of the video the artist’s avatars move chaotically on a road, and seem to be confined to screen space. They all converge at the same point, bump into each other, as if they needed a “gamer” on the other side of the screen to guide and lead them to “their own” exhibition. This initial overview is followed by a subjective shot, imbued with a completely different atmosphere. Images of a garden and a pond are captured by a camera attached to a duck’s neck, before the subjective gaze is returned to the avatars impersonating Shuang Li, through the spy cams they wear. This juxtaposition of images of different nature, settings and point of view, conveys a sense of disorientation.

The subtitles accompanying the video, written in digital characters, comment on the loss of meaning, which accompanies the sense of incommunicability. The word and its meaning, like physical reality and its duplicate on the screen, do not coincide—characters forming a word become interchangeable, and consequently words and objects are interchangeable too, leading to a discourse that ceases to make sense.

Meaning is lost (or hidden, or encrypted) in language, in its constant permutation, in the passage of translations between different idioms, formats, characters, signs, but also in the transformation from oral to written word, and finally in its dematerialization into binary code as we type on the keyboard and its subsequent materialization on the screen.

Each individual identity, in the network of their existence on and off screen, is not excluded from this process of transformation, interchangeability—as the small army of the artist’s proxies demonstrates. “There are no more copies as there’s no more original,” Shuang Li suggests or, to put it differently, the multiplication and reproduction of something or someone is equivalent to its disappearance.

What is lost and what retained in these passages is the rarified object of Shuang Li’s artistic investigation.

Alongside its evocative content proposing a reflection on how contemporary life constantly unfolds under a lens on the pervasiveness of digital technologies, which are changing our way of communicating, memory, self-perception—the relationship between the physical body and the spectral quality of human presence in the digital realm¬, for example—Shuang Li’s work also offers a critical analysis of certain specific aspects of contemporary China.

In this respect, Déjà Vu offers some insights into the relationship between the individual and the collective in Chinese society in the age of digital reproduction, while Desert Song, in its precariousness of childlike construction, evokes China’s real estate bubble. The blocks or bricks of which this urban landscape is composed are empty boxes: they are interchangeable, containers without content, signifiers without significance, a synecdoche—a rhetorical figure, to return to the metaphorical use of verbal language.

 

 

(1) Production supported by the Fonds Cantonal d'Art Contemporain, Geneva, Programme Mire

 

 


 

PT

 

A Galeria Madragoa tem o prazer de apresentar Death Star, a primeira exposição individual de Shuang Li (n. 1990, Montnahas Wuyi) na galeria e em Portugal.

Uma paisagem de caixas de cartão empilhadas e objetos, alguns encontrados, outros feitos ou montados pelo artista, desdobram-se no espaço da galeria. A instalação Desert Song (2023) traça a linha do horizonte podendo afigurar-se a uma cidade moderna em pequena escala, constituída pelos seus restos e esvaziada. Os seus habitantes silenciosos são alguns objetos ou ferramentas cuja função original parece pouco clara, como presenças espectrais de outra civilização, seja ela do passado ou do futuro. A instalação ambiental funciona como um complemento ao vídeo Déjà Vu(1) que, apresentado em cinco ecrãs, permite aos visitantes serem rodeados pelo fluxo de imagens, enquanto passeiam por esta sinistra cidade miniatura.

Divididas em capítulos, as imagens de vídeo fluem silenciosamente — o silêncio enfatizando a sensação de vazio, de incomunicabilidade que está no centro desta obra, e entre os temas centrais de toda a obra de Shuang Li.

Déjà Vu documenta parcialmente a performance Lord of the Flies (2021), para a qual Shuang Li treinou à distância vinte performers para a encarnar. A ocasião da performance é ditada pela contingência: a incapacidade da artista de viajar para Xangai para assistir fisicamente à abertura da sua exposição, uma vez que ficou retida na Europa durante as restrições devidas à pandemia de Covid-19.

Cabelo puxado para trás num rabo de cavalo, usando óculos de sol, mochilas prateadas e uma T-shirt dos My Chemical Romance, na primeira sequência do vídeo os avatares do artista movem-se caoticamente numa estrada, e parecem estar confinados ao espaço do ecrã. Todos eles convergem no mesmo ponto, esbarram uns nos outros, como se precisassem de um "jogador" do outro lado do ecrã para os guiar e conduzir à "sua" exposição. Esta síntese inicial é seguida de uma cena subjetiva, imbuída de uma atmosfera completamente diferente. Imagens de um jardim e de um lago são capturadas por uma câmara ligada ao pescoço de um pato, antes de o olhar subjetivo ser devolvido aos avatares que se fazem passar por Shuang Li, através das câmaras espiãs que eles usam. Esta justaposição de imagens de natureza, cenários e pontos de vista diferentes, transmite uma sensação de desorientação.

As legendas que acompanham o vídeo, escritas em caracteres digitais, comentam a perda de significado, que acompanha a sensação de incomunicabilidade. A palavra e o seu significado, tal como a realidade física e o seu duplicado no ecrã, não coincidem — os caracteres que formam uma palavra tornam-se permutáveis, e consequentemente as palavras e os objetos também são permutáveis, levando a um discurso que deixa de fazer sentido.

O significado é perdido (ou escondido, ou encriptado) na língua, na sua permutação constante, na passagem de traduções entre diferentes idiomas, formatos, caracteres, sinais, mas também na transformação da palavra oral em escrita, e finalmente na sua desmaterialização em código binário à medida que escrevemos no teclado e a sua subsequente materialização no ecrã.

Cada identidade individual, na rede da sua existência dentro e fora do ecrã, não é excluída deste processo de transformação, permutabilidade — como demonstra o pequeno exército de procuradores do artista. "Não há mais cópias porque não há mais originais", sugere Shuang Li ou, dito de outra forma, a multiplicação e reprodução de algo ou alguém é equivalente ao seu desaparecimento.

O que se perde e o que se conserva nestas passagens é o objeto rarificado da investigação artística de Shuang Li.

A par do seu conteúdo evocativo, propõe uma reflexão sobre como a vida contemporânea se desdobra constantemente sob uma lente omnipresente das tecnologias digitais, que estão a mudar a nossa forma de comunicação, memória, auto-percepção — a relação entre o corpo físico e a qualidade espectral da presença humana no reino digital, por exemplo — a obra de Shuang Li também oferece uma análise crítica de certos aspectos específicos da China contemporânea.

Déjà Vu em particular é, na era da reprodução digital, baseado em "fluxos múltiplos e sobrepostos" em vez de indivíduos, enquanto que Desert Song, na sua precariedade de construção infantil, evoca a bolha imobiliária da China. Os blocos ou tijolos que compõem esta paisagem urbana são caixas vazias: são permutáveis, contentores sem conteúdo, significantes sem significado, uma sinédoque — uma figura retórica, para voltar ao uso metafórico da linguagem verbal.

 

(1) Produção apoiada pelo Fonds Cantonal d'Art Contemporain, Geneva, Programme Mire

 

 

 

 

Artworks

We use cookies to optimize our website and services.Read more
This website uses Google Analytics (GA4) as a third-party analytical cookie in order to analyse users’ browsing and to produce statistics on visits; the IP address is not “in clear” text, this cookie is thus deemed analogue to technical cookies and does not require the users’ consent.
Accept
Decline